A Polícia Civil confirmou a participação do vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 26 anos, em 16 dos 40 assassinatos confessados por ele em Goiânia. Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (21/11), no Complexo de Delegacias Especializadas, no Setor Cidade Jardim, o titular da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), o delegado Murilo Polati afirmou que foi possível chegar a essa conclusão a partir da análise de confronto balístico da arma usada nas mortes.
Os inquéritos devem ser encaminhados à Justiça na próxima semana após a conclusão de laudos do Instituto de Criminalística. Dos 16, apenas três deles foram concluídos a partir da força-tarefa desencadeada pela corporação no dia 4 de agosto. São eles o de Arlete dos Anjos Carvalho, de 16 anos, Juliana Neubia Dias, de 22 anos, e de Rosirene Gualberto da Silva, 29 anos.
Apesar dos confrontos entre as balas terem sido positivos, os resultados de 13 casos não contam com laudos finais até o momento, que devem ser concluídos no início da semana que vem. Nesse grupo, existem vítimas mulheres e homens: Ana Karla Lemes da Silva, Ana Maria Victor Duarte, Bárbara Luiza Ribeiro Costa, Bruna Gleycielly, Isadora Aparecida Cândida, Janaína Nicácio, Lílian Sissi, Mauro Ferreira Nunes, Pedro Henrique de Paula Souza, Taynara Rodrigues da Cruz, Thamara da Conceição e Wanessa Oliveira Freire.
Tiago Gomes da Rocha está preso desde o dia 14 de outubro em cela isolada no núcleo de custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia e confessou ter assassinado 39 pessoas em Goiânia, desde 2011. Jovens mulheres e moradores de rua estão entre as vítimas. Porém, o suspeito abaixou o número para 29 em novos depoimentos.
Caso Rosirene
O inquérito que investiga a morte de Rosirene Gualberto da Silva, alvejada com um tiro no tórax em 17 de julho deste ano, na Avenida Anhanguera, no Setor Aeroporto, próximo ao Lago das Rosas, será encaminhado ainda nesta sexta-feira ao Poder Judiciário para que seja mantida a prisão preventiva de Tiago Gomes da Rocha. De acordo com o delegado Murilo Polati, a denúncia é embasada a partir deste caso e o prazo para apresentação do inquérito, no qual é indiciado por homicídio duplamente qualificado, se encerra à meia-noite de hoje.
Neste caso, o inquérito não havia sido incluído por falta de laudo de exame de confronto balístico. Aos jornalistas, o delegado Murilo Polati apresentou a comparação entre os projéteis usados no dia do assassinato dela. “Quando retirado da vítima e comparado com o da arma da empresa [em que o suspeito era vigilante], percebe-se que o raiamento [da bala] é o mesmo.”
O confronto de exame balístico feito pelo Instituto de Criminalística mostrou também que a arma usada em três dos crimes, como o da assessora parlamentar Ana Maria Duarte, morta em março deste ano em uma lanchonete no Setor Bela Vista, apresentou falhas no tambor. Neste caso, o projétil foi disparado apenas na terceira tentativa. “Esse detalhe mostra porque ela falhou”, resumiu.
A mesma situação foi constatada na tentativa de homicídio contra uma mulher no Setor Jardim América, no dia 12 de outubro. Foi a partir desta ocorrência que a Polícia Civil desencadeou força-tarefa para investigar a atuação de um suposto assassino em série na capital.
Entre os documentos divulgados pelo titular da DIH, Murilo Polati, está um novo retrato falado feito a partir de relato de Rocilda Gualberto da Silva, irmã de Rosirene. “Ela não teve nenhuma dúvida sobre quem foi o autor do crime. Ou seja, o colocou na cena”, explicou o investigador.
O delegado afirmou que a imagem nada tem a ver com o retrato falado divulgado após a morte da assessora parlamentar Ana Maria Duarte. “Em nenhum outro inquérito tem esse retrato falado, pois a irmã sobrevivente chegou a essa conclusão. Um laudo bastante semelhante”, analisou o titular.
Carta
Após ser descoberta a numeração do revólver calibre 38, que estava raspada, a polícia identificou quem a havia registrado na Polícia Federal: a Fiel Vigilância. Ela foi furtada do cofre da empresa onde trabalhava Tiago Gomes da Rocha, em 15 de setembro de 2012. Dois dias depois, o vigilante redigiu à mão uma carta relatando o seu sumiço.
Conforme o documento divulgado, ele e o parceiro de plantão na empresa Itambé foram assumir o plantão noturno quando perceberam que o cofre onde estava o armamento estava destrancado. No texto, disse que os dois mantiveram o equipamento como foi encontrado e relatou o caso a Edinaldo José Ribeiro, fiscal da empresa. “Não resta dúvidas de que a arma foi roubada por Tiago Gomes da Rocha. E conforme relatou em depoimento, estava usando ela desde àquela data”, ressaltou Murilo Polati.
Tiago Gomes da Rocha ainda afirmou que encaminhou os nomes de todas as pessoas que tiveram acesso ao local para Edinaldo Ribeiro, que registrou boletim de ocorrência no 14º Distrito Policial de Goiânia. O cofre, de acordo com o conteúdo, não tinha sinais de arrombamento. Ao final, o vigilante escreveu: “Agora espero que tudo seja resolvido da melhor forma possível e que os inocentes não pague pelos responsáveis…
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