"A melhor prevenção para não se tornar uma vítima é... rezar", diz a especialista em criminologia Ilana Casoy no livro "Serial Killer: Louco ou Cruel?". O tema ganhou destaque no país por casos reais envolvendo criminosos brasileiros e pela abordagem na minissérie "Dupla Identidade".
Na ficção, o assassino em série Edu, vivido por Bruno Gagliasso, seduz suas vítimas com seu jeito atencioso e gentil, acima de qualquer suspeita. Na vida real, esse pode ser um tipo de perfil de serial killer, porém existem outros, que agem no momento em que encontram uma oportunidade.
O caso mais recente no Brasil é o do jovem Sailson José das Graças, de 26 anos, preso em dezembro em Nova Iguaçu (RJ). Ele confessou ter matado 43 pessoas ao longo de nove anos. Embora Sailson ainda não tenha sido considerado um serial killer de fato, pois a classificação depende da análise dos crimes cometidos e do comportamento do assassino, a história choca pela motivação dos crimes: ele disse que tinha "prazer em matar".
Outro caso recente é o do suposto serial killer de Goiânia Tiago Henrique Gomes da Rocha, também de 26 anos, que teria matado 39 pessoas desde 2011. Ele foi preso em outubro após assassinar um jovem a tiros em um ponto de ônibus, e contava as vítimas por números. Ele saía de casa com a intenção de matar, mas não tinha um alvo pré-definido.
Para ser definido como serial killer, o indivíduo deve ter cometido no mínimo dois assassinatos, de acordo com alguns estudiosos, ou pelo menos quatro, de acordo com outros, dentro de um período de tempo, pois esse tipo de crime é diferente dos cometidos por assassinos de massa, por exemplo, que matam diversas vítimas em questão de horas. Para Casoy, o motivo ou a falta dele definem os assassinos em série. São raras as vezes em que os serial killers conhecem suas vítimas. Geralmente, elas são escolhidas ao acaso e representam uma espécie de símbolo para o criminoso.
Mas nem todos são iguais. Embora, em diversos casos, familiares, amigos e comunidade se surpreendam com a faceta desconhecida e criminosa de uma pessoa próxima, como no caso do personagem Edu na minissérie, há outras "categorias" de serial killers, sendo o "visionário" possivelmente o mais fácil de ser descoberto. Para entender melhor a mente desse tipo de assassino, Casoy, em seu livro, separou-os em quatro grupos; são eles:
Visionário – insano, escuta vozes, tem visões e as segue.
Missionário – não demonstra socialmente ser um psicótico, mas em seu íntimo acredita estar destinado a "livrar" o mundo de algo imoral. Geralmente escolhe um determinado grupo de pessoas para matar, como prostitutas, homossexuais, mulheres ou crianças.
Sádico – Assassino sexual que mata por desejo. Canibais e necrófilos estão nesse grupo. O prazer sexual é proporcional ao sofrimento da vítima.
Emotivo – dos quatro, é o que, de fato, tem prazer em matar. Diverte-se desde o processo de planejamento do crime até o uso de requintes de crueldade nas vítimas.
Muitos dos assassinos em série mais conhecidos do mundo surpreenderam pela brutalidade de seus crimes, mas também por terem um grande poder de persuasão e serem engajados e reconhecidos nas comunidades onde moravam, tornando quase impossível para a vítima reconhecer o perigo.