Tradutor

quarta-feira, 2 de março de 2016

Caso Tiago Henrique: Soma de condenações já ultrapassa a 55 anos


Ao fundo, Victor Carneiro (esquerdo) e Herick de Souza (direito)
Na manhã de hoje (02) Tiago Henrique Gomes da Rocha sentou pela segunda vez no banco dos réus. A vitima em questão era a jovem Juliana Neubia Dias, de 25 anos. Tiago teve novamente a defensoria a cargo dos advogados Herick Pereira de Souza e Victor Luiz Couto Carneiro. Diferentemente dos demais advogados que estiveram a frente desse caso, a dupla Herick e Victor não se apoiaram no laudo em que atesta psicopatia no vigilante Tiago Henrique para obter redução na pena, a defesa hoje mostrou a todos que Tiago não pode voltar ao convívio social até que esteja plenamente recuperado do problema que apresenta. Herick falou sobre a psicopatia, o que é, como são pessoas com este transtorno, levantou a dúvida sobre Tiago ser portador desse transtorno uma vez que o laudo não possui resultados de exames necessários. De acordo com o advogado a psicopatia não se descobre apenas numa conversa, é preciso exames que analisem o cérebro para diagnosticar os traumas, o advogado em várias formas diferentes ainda questionou alguns procedimentos policiais, negligencia por parte do estado e a situação financeira que é capaz de fazer a diferença na vida de alguém, ressaltando que se a família de Tiago tivesse mais condições financeira provavelmente teria descoberto essa personalidade ainda criança, Herick também deixou claro que nem todo portador de personalidade antissocial é psicopata e nem todo psicopata é portador de transtorno antissocial.

Na Fala de Victor houve a indignação de uma pessoa não apenas na condição de defesa mas de cidadão, além do compartilhamento da sensação que viveu enquanto a sociedade estava amedrontada com um assassino em série a solta, mostrou a importância da absolvição de Tiago Henrique esclarecendo que isso não significaria que ele voltaria às ruas, e sim que teria a pena cumprida por tempo indeterminado por meio de uma medida de segurança, provavelmente em uma clinica psiquiátrica. Victor chegou a mostrar um vídeo que foi exibido pela TV Anhanguera para reforçar que Tiago não era, não é e dificilmente será uma pessoa normal, baseado nisso seu cliente não poderia ser julgado e condenado como um réu comum, afirmando que se Tiago Henrique sair da cadeia ele voltará a matar. 
Para exemplificar a situação, Victor usou o também serial killer Pedro Rodrigues Filho, popularmente conhecido por Pedrinho Matador, que fez mais de 50 vítimas dentro das penitenciarias que passou, incluindo o próprio pai. Pedrinho após 34 anos de reclusão saiu às ruas mas não demorou muito voltou a ser preso.  De acordo com Victor provavelmente a história se repetira com Tiago Henrique, este é um erro repetido, já que Pedrinho sairá novamente em alguns anos e que nota-se que o vigilante segue o mesmo caminho, prisão neste caso não é a solução  o que deveria ser feito era estipular uma medida de segurança. Com uma retórica forte, Victor disse aos jurados que apesar de respeitar a decisão dos mesmos para medidas irracionais seria melhor linchar Tiago naquele momento, assim ele não mataria mais ninguém.


Promotor Maurício Gonçalves de Camargo
O Ministério Público do Estado de Goiás, representado pelo promotor de justiça Maurício Gonçalves de Camargo também trouxe a todos os que acompanhavam o julgamento, presencialmente ou pela internet, diversas provas e uma argumentação muito consistente, ofereceu detalhes de como a polícia chegou ao autor da morte de Juliana Neubia, já comparando com outros casos que ainda aguardam para julgamento, "Juliana é apenas uma vítima entre as dezenas de pessoas que ele matou" - disse o promotor.
Maurício conseguiu mostrar que Tiago tinha compreensão perfeita do que fazia, que era articuloso e não se importava com as pessoas a quem vitimou e estão a sua volta. Quanto a Tiago ser ou não normal "dizem que ele não é normal, normal não é mesmo! Quem faz o que Tiago faz não é normal não. Normal somos nós! Normal somos nós" - Maurício Gonçalves.


Mauro Namorado de Juliana
 A Unica testemunha de acusação arrolada ao processo foi Ronaldo, namorado de Juliana que estava ao lado da vitima no momento dos disparos, a materialidade do crime contra o vigilante estava presente no confronto microbalístico que apontou que os projéteis que atingiram Juliana saíram do revolver calibre 38 que estava em poder de Tiago. A arma seria fruto de um roubo à empresa em que o vigilante prestava serviços.

Juíz Jesseir Coelho de Alcântara
Com base nas alegações apresentadas, o juri popular formado por 7 pessoas, sendo três mulheres e quatro homens, atribuíram a responsabilidade dessa morte ao suposto serial killer. o Juíz Jesseir Coelho de Alcântara, 13ª Vara Criminal, determinou a pena de 20 anos em regime fechado. Se somado com a sentença do primeiro julgamento (20 anos em regime fechado), com a condenação dada pela Juíza Placidina Pires por dois roubos a uma mesma agência lotérica (12 anos e 4 meses em regime fechado) e a condenação por porte ilegal de arma (3 anos em regime aberto), Tiago Henrique Gomes da Rocha já deverá cumprir 55 anos e 4 meses de prisão, lembrando que no Brasil a pena máxima a ser cumprida são 30 anos de prisão.
Tiago Henrique Gomes da Rocha recebendo a sentença


Entenda Esse Caso

O crime iniciou no dia 25 de julho de 2014 mas a consumação do homicídio só ocorreu no dia seguinte


Juliana Neubia Dias
Na noite do dia 25/06 Juliana Neubia Dias, o namorado Mauro e Laiane ,uma amiga, saíram em direção a uma comemoração e não perceberam que estavam sendo seguidos por um motociclista, eles passavam pelo setor Oeste quando pararam em um semáforo que fica no cruzamento da Avenida Mutirão com a Avenida D, neste momento ouviram alguns disparos e perceberam que Juliana havia sido atingida no pescoço e tórax, a jovem faleceu na madrugada do dia 26 de julho de 2014 por não resistir aos ferimentos. 

Ronaldo, namorado de Juliana descreveu a situação com riqueza de detalhes na audiência realizada em março de 2015. "Eu parei o carro no sinaleiro, tinha um carro logo de frente e no prazo de 5 segundos mais ou menos e ouvi um estrondo, eu não percebi a aproximação de ninguém, eu lembro que a gente estava conversando dentro do carro, brincando, a Juliana estava mexendo no celular passando fotos pra amiga dela. Foi o prazo de quase 5 segundos igual, eu falei antes, eu ouvi um estrondo, quando eu ouvi esse estrondo deu uma pressão no rosto, deve que foi estilhaço de vidro no meu rosto, eu lembro só de virar o rosto, eu voltei a olhar pra Juliana novamente  [...] eu olhei pro lado e já vi a Juliana desacordada e percebi que tinha uma pessoa do lado dela, do lado, na rua em pé com a arma apontada, aí ele ficou com a arma apontada mais uns dois segundos, ficou gesticulando e deu uns dois passos, três passos pra trás e efetuou outro disparo. 

Na verdade eu só fui saber que era tiro quando eu vi ele com a arma apontada. [...] Eu jurei que era assalto, eu até tentei tirar meu cinto, foi uma coisa que até Graças a Deus eu não consegui sair do carro, porque a minha vontade na hora foi tirar o cinto e abrir a porta do carro porque eu achava que era um assalto, até o momento eu pensava que era assalto. Ai foi quando eu olhei pra trás, rapidamente, no retrovisor traseiro do meu lado, não percebi ninguém e eu decidi arrancar. Arranquei furei o sinal e parei em frente ao "Extra", foi onde eu pedi socorro, liguei pra polícia, só que Graças a Deus estava passando uma viatura na hora que me deram suporte até chegar no hospital".


Juliana Neubia Dias
Em outro trecho da audiência Ronaldo descreveu o atirador: "No dia, um dia depois, até antes de eu depor, antes de chegar na delegacia eu não me recordava absolutamente nada, nada nada nada mesmo, depois minha memória foi clareando e sem influência de ninguém eu realmente falei o que eu realmente tinha visto, eu lembrava a característica de um homem que não aparentava ser tão alto, mais ou menos seria mais baixo ou maior que eu e magro, e "tava" de capacete, um único traje, uma roupa. Então, assim, realmente não teria como identificar, falar assim para o senhor que é aquele moço mas a característica era uma pessoa magra e alta, de médio pra alto".

A motivação era desconhecida até que a policia goiana adicionou a morte de Juliana Neubia à lista de um suposto serial killer. Na época essa lista era composta por 17 casos, sendo que destes, 15 eram mulheres.

Bloody Knife